Por mais que Only By The Night seja o disco que colocou o Kings of Leon no posto de “banda de rock de arena”, esse não é o melhor álbum da banda. É o mais pop e o mais cheio de hits chicletes. Não que tais aspectos sejam necessariamente ruins, mas quando até os integrantes cogitam deixar de tocar um hit como Sex On Fire nos shows, como revelaram o vocalista Caleb e o baterista Nathan, percebemos que algo de essência escapou a esse trabalho. Sendo assim, é compreensível a escolha do Kings of Leon por caminhos diferentes em Come Around Sundown, quase como um período sabático na tentativa de resgatar suas raízes. Apesar disso, o álbum de 2011 é considerado pela crítica o pior da banda, o mais chato. Mas a busca de Caleb por suas raízes – “Just drink the water where you came from” (Radioactive) – deu bons resultados agora com o sucessor Mechanical Bull, o melhor disco do KOL desde Because of the Times (2007), mas ainda assim mediano pela sensação de que a banda está fazendo um cover de si mesma.
Em Mechanical Bull temos uma volta ao som original da família Followill, acrescentado daquilo que eles julgam ter sido acertos no “teste” do último disco, e que fazem do álbum, nas palavras do baixista Jared, “musicalmente muito mais complicado” que os outros. Jared, a propósito, consegue destacar seu baixo com mais presença em praticamente todas as faixas, iniciativa que falta ao baterista Nathan, e que aparece muito mais discreta também na guitarra de Matthew. Apesar de o guitarrista ter solos em todas as músicas, seu trabalho está claramente bem mais discreto. Em compensação, Caleb está novamente com um vocal impecável. Desde My Party, Black Thumbnail e On Call, faixas do disco de 2007, Caleb não apresentava um vocal tão bom.
As guitarras da primeira faixa, Supersoaker, já apontam para as semelhanças com os primeiros trabalhos do KOL, como Youth and Young Manhood (2003). Desde Molly’s Chambers eles se tornaram bons em fazer hits que embalam festinhas e viram cover nas mãos de qualquer banda com playlist Indie Rock, e Supersoaker não vai ter dificuldades para entrar nessa lista com versos repetidos várias vezes como base de um refrão fácil de ficar na cabeça. Rock City também é fácil de agradar com sua composição de solos de guitarras e palmas espaçadas que ajudam a ritmar a música.
Mas a boa surpresa de Mechanical Bull vem mesmo na terceira faixa, com Don’t Matter, a mais Rock’ n’ Roll do disco, com destaque para as duas guitarras (Matthew e Caleb) e baixo pesado. Até mesmo os leves efeitos na voz de Caleb caem bem. Don’t Matter é de longe a melhor música da banda desde Closer (Only By the Night, 2011). E por falar no disco mainstream do Kings of Leon, Wait For Me está para Mechicall Bull assim como Use Somebody está para Only By the Night, embora Beautiful War seja musicalmente superior.
Faixas como Family Tree e Comeback Story também são bem-vindas, principalmente a segunda que ganha arranjos mais requintados de violinos. Mas chega a ser incômodo o como o disco todo parece uma recriação do que o KOL já apresentou de forma mais original. Até mesmo as boas músicas trazem riffs, marcações e macetes de singles anteriores da banda: Supersoaker – The Bucket (2004), Don’t Matter – Red Morning Light (2003), Wait for Me - On Call (2007), Comeback Story – The Face (2011), Tonight - The Immortals (2011). Só para citar algumas faixas e suas respectivas semelhantes. Assim, embora grande parte das faixas agradem, a sensação de greatest hits pesa contrariamente.
No geral, Mechanical Bull consegue agradar os dois estilos de fãs do Kings of Leon: os pré e pós Only By The Night. Para os primeiros, o sexto disco traz esperança de uma boa retomada musical da banda, mas deixa a sensação de que eles estão andando à sombra do que um dia já foram. Para os segundos, o novo disco não tem uma nova Sex On Fire, mas tá valendo.
Nota: 6,75
